Santos Casados - Santa Zélia Martin

Santa Zélia Martin 




Zélia teve uma infância em um círculo familiar pouco afetuoso e diz que essa época de sua vida foi “triste como um lençol mortuário”; diz que com sua mãe “sofreu muito”. É provável que uma pessoa que tem uma infância com essas características não tenha um desenvolvimento dos mais saudáveis. Dos 07 aos 12 anos sofre continuamente com doenças e na adolescência é afligida por forte enxaqueca. Nesses sintomas pode-se observar a fragilidade emocional presente na constituição dessa criança. 

Por outro lado, Zélia é educada junto às Irmãs da Adoração Perpétua, o que possivelmente contribuiu para fortalecer a pessoa de Zélia, tendo em vista o relato da vida familiar e suas consequências. 

Não obstante a fragilidade afetiva na relação com os pais (apesar de se tratar de uma família católica), a presença dos irmãos é um consolo para Zélia – a união de alma com Maria Luísa (futura monja visitandina); o carinho materno que tem para com Isidoro, dez anos mais novo que ela. 

 

Desejo pela vida religiosa 

De sua forte relação com Deus, surge o desejo de ser religiosa, ainda antes dos 20 anos. Escolhe as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Essa escolha pode revelar, além de características de interioridade, aspectos de generosidade e atividade. Apesar das características de introversão, Zélia apresenta esses impulsos de seu temperamento que a levam para fora de si, em direção ao outro, e impedem que se feche em si mesma. 

Porém, a superiora das Filhas da Caridade é bem clara ao dizer que ali não era o lugar de Zélia. Diante disso, pode-se imaginar a dor da pobre moça que ansiava ardentemente entregar toda sua vida como esposa de Cristo. 

 

Fabricante de renda 

Zélia vai em busca de trabalho. Ela havia recebido algumas noções sobre a renda de Alençon em seu tempo de estudo regular. Essa renda tem características próprias e necessita de habilidades manuais e meticulosidade, fineza no trato. Zélia decide formar-se nesse oficio e tem êxito em sua busca, obtendo ótimo desenvolvimento. Em sua biografia, diz-se que ela ouviu uma voz interior que lhe fala claramente: “Faça a renda de Alençon”. E com apenas 20 anos tornou-se fabricante dessa belíssima renda. 

 

Encontro de Santa Zélia e São Luís  

É muito belo o primeiro encontro, produzido menos pelo acaso que pela providência, de Zélia e Luís, seu futuro esposo. Ocorreu numa ponte, quando um cruzou o caminho do outro e Zélia ouve uma voz interior: “Foi ele que guardei para você”. Mais uma vez temos aqui a ação sobrenatural da graça na vida de uma jovem que busca estar disponível para ouvir a Deus, apesar de seus planos serem diferentes do que ali se apresentava. Só depois a mãe de Luís apresentará um para o outro “oficialmente”. 

Rapidamente se casam, levados pelo discernimento, fruto da busca oracional. O lar respira Deus; ambos procuram viver da maneira mais agradável ao Senhor. Zélia por vezes sente ferir o coração quando lembra da vida religiosa; especialmente quando recém-casada passa por essa crise de estar “fadada” a estar no “mundo”. A partir desse recorte da vida matrimonial de Zélia, podemos ver que ela precisou encarar as limitações de seu temperamento mesmo após casar-se. A partir do amor pela vocação dada por Deus, pelo seu esposo e filhos, ela vai lapidando sua personalidade, com atitude, coragem e tamanho heroísmo, que chega a dizer posteriormente que não se arrependia em nada por haver se casado e que não seria tão feliz se sua vocação fosse outra. A meta do casal foi educar os filhos para o céu. 

Carta apaixonada de Zélia a Luis Martin 

 Quando o marido não podia acompanhá-la em suas visitas a Lisieux, ela ficava triste, preocupada e cheia de saudades e de amor, como mostra esta carta do dia 31 de agosto de 1873: 

 “Meu querido Luís, 

 Chegamos ontem às quatro e meia da tarde. O meu irmão, que estava na estação à nossa espera, ficou radiante quando nos viu. Ele e a mulher fazem o quanto podem para nos arranjar distrações. Hoje, domingo, há uma bela recepção aqui em casa, à noite, em nossa homenagem. Amanhã, segunda-feira, haverá um grande banquete na casa da senhora Maudelond e, possivelmente, um passeio de carro à casa de campo da senhora Fournet. As pequenas andam encantadas. Se o tempo estivesse bom, seria para elas o auge da felicidade. Mas eu sou mais custosa de desarmar. Nada disso me interessa! Ando exatamente como os peixes que tu tiras para fora da água: já não estão no seu ambiente, não lhes resta senão morrer. Creio que era o que me aconteceria se a minha permanência aqui tivesse sido prolongada…Acompanho-te em espírito a toda hora. Digo para mim mesma: “Neste momento está a fazer isto ou aquilo”. Quanto me tarda ver-me junto de ti, meu querido Luís! Amo-te de todo o meu coração e sinto que o meu afeto aumenta com a privação da tua presença que tanto sinto. Seria impossível para mim viver separada de você. Esta manhã assisti a três missas. Fui às das seis, fiz a ação de graças e rezei as minhas orações durante a das sete, e voltei à missa cantada. O meu irmão não está descontente com os negócios que não vão mal. Diz a Leônia e a Celina que lhes mando muitos beijos saudosos e que levarei para elas uma lembrança de Lisieux. 

 Verei se é possível escrever-te amanhã, mas não sei a que horas voltaremos de Trouville. Escrevo com muita pressa porque estão à minha espera para ir fazer visitas. Regressamos na quarta-feira à tarde, às sete e meia. Como me parece distante! Beijo-te com muito amor. As filhinhas recomendam-me que te diga que estão muito contentes por terem vindo a Lisieux e que te mandam muitos beijos (Carta de Zélia a Luís, de 31 de agosto de 1873). (p.57). 

 

Frutos de um santo matrimonio 

Tiveram ao todo nove filhos, são eles: 

  • Maria, que se tornou Irmã Maria do Sagrado Coração, carmelita desde 15/10/1886, nascida em 22/02/1960 e falecida em 19/01/1940. Era a primogênita; 

  • Paulina, que se tornou Madre Inês de Jesus, carmelita desde 02/10/1882, nascida em 07/09/1861 e falecida em 28/07/1951; 

  • Leônia, que se tornou Irmã Francisca Teresa, visitandina desde 28/01/1899, nascida em 03/06/1863 e falecida em 28/01/1899; 

  • Helena, nascida em 13/10/1864 e falecida em 22/02/1870; 

  • José Luís, nascido em 20/09/1866 e falecido em 14/02/1867; 

  • José João Batista, nascido em 19/12/1867 e falecido em 24/08/1868; 

  • Celina, que se tornou Irmã Genoveva da Sagrada Face, carmelita desde 14/09/1894, nascida em 28/04/1869 e falecida em 25/02/1959; 

  • Melânia Teresa, nascida em 16/08/1870 e falecida em 08/10/1870; 

  • Maria Francisca Teresa, que se tornou Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, carmelita desde 08/09/1890, nascida em 02/01/1873 e falecida em 30/09/1897. 

 

Oração aos Santos Luís e Zélia Martin 

Santos Luís e Zélia Martin, após sentirdes o desejo de vida religiosa, ouvistes o chamado do Senhor para a vocação do casamento. Sois os “pais sem igual” de quem vossa filha Santa Teresinha do Menino Jesus fala; os afortunados pais de Leônia, a Serva de Deus, Irmã Francisca Teresa; de Maria, Paulina e Celina, transplantadas para o Monte Carmelo; e dos quatro filhos tirados de vosso afeto na juventude: Helena, José, João Batista e Melânia Teresa. Destes toda a glória a Deus através de vosso trabalho humilde e paciente, do compromisso com os pobres e de vossa vida familiar, onde reinava a felicidade de amar e ser amado. Vivestes a vida cotidiana concretamente através das alegrias e tristezas de vossa existência. Amai-nos como a vossos próprios filhos, com o coração de um pai e o coração de uma mãe, porque sois amigos de Deus. Ouvi nossa oração e nosso pedido (fazer o pedido) e intercedei por nós junto a Deus Pai, através de Jesus Cristo, Nosso Senhor, na graça do Espírito Santo. Amém. 

 

“Reza, e não te deixarás arrastar pela torrente.” Santa Zélia Martin 

Santa Zélia Martin, rogai por nós! 

 

Referências 

A profundidade em Santa Zélia Martin, mãe e esposa. Santos e Beatos Católicos, 2017. Disponível em: < http://www.santosebeatoscatolicos.com/2017/11/a-profundidade-em-santa-zelia-martin.html> . Acesso em: 06/02/2021. 

 

 

 

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