Mensagem do Papa para o Dia Mundial dos Pobres
Foi publicada no dia 13/6 a Mensagem
do Papa Francisco para o I Dia Mundial dos
Pobres, a ser celebrado no 33º Domingo do
Tempo Comum, e pela primeira vez, no dia
dia 19 de novembro de 2017, sob o tema:
“Não amemos com palavras, mas com obras”.
1. «Meus fi lhinhos, não amemos com palavras
nem com a boca, mas com obras e com
verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo
João exprimem um imperativo de que
nenhum cristão pode prescindir. A importância
do mandamento de Jesus, transmitido
pelo «discípulo amado» até aos nossos dias,
aparece ainda mais acentuada ao contrapor
as palavras vazias, que frequentemente se
encontram na nossa boca, às obras concretas,
as únicas capazes de medir verdadeiramente
o que valemos. O amor não admite álibis:
quem pretende amar como Jesus amou, deve
assumir o seu exemplo, sobretudo quando
somos chamados a amar os pobres.
2. «Quando um pobre invoca o Senhor,
Ele atende-o» (Sal 34/33, 7). A Igreja compreendeu,
desde sempre, a importância de
tal invocação. Possuímos um grande testemunho
já nas primeiras páginas do Atos
dos Apóstolos, quando Pedro pede para se
escolher sete homens «cheios do Espírito e
de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço
de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida,
um dos primeiros sinais com que a comunidade
cristã se apresentou no palco do mundo:
o serviço aos mais pobres.
3. Contudo, houve momentos em que os
cristãos não escutaram profundamente este
apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade
mundana. Mas o Espírito Santo não
deixou de os chamar a manterem o olhar fi xo
no essencial. Com efeito, fez surgir homens e
mulheres que, de vários modos, ofereceram
a sua vida ao serviço dos pobres.
Dentre todos, destaca-se o exemplo de
Francisco de Assis, que foi seguido por tantos
outros homens e mulheres santos, ao longo dos
séculos. Não se contentou com abraçar e dar
esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio
para estar junto com eles. Não pensemos nos
pobres apenas como destinatários duma boa
obra de voluntariado, que se pratica uma
vez por semana, ou, menos ainda, de gestos
improvisados de boa vontade para pôr a consciência
em paz. Estas experiências, embora
válidas e úteis a fi m de sensibilizar para as
necessidades de tantos irmãos e para as injustiças
que frequentemente são a sua causa,
deveriam abrir a um verdadeiro encontro
com os pobres e dar lugar a uma partilha que
se torne estilo de vida. Na verdade, a oração,
o caminho do discipulado e a conversão encontram,
na caridade que se torna partilha, a
prova da sua autenticidade evangélica. E deste
modo de viver derivam alegria e serenidade
de espírito, porque se toca palpavelmente
a carne de Cristo. Se realmente queremos
encontrar Cristo, é preciso que toquemos o
seu corpo no corpo chagado dos pobres, como
resposta à comunhão sacramental recebida
na Eucaristia. O Corpo de Cristo, repartido
na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela
caridade partilhada no rosto e na pessoa dos
irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a
ressoar de grande atualidade estas palavras
do santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar
o corpo de Cristo? Não permitas que seja
desprezado nos seus membros, isto é, nos
pobres que não têm que vestir, nem O honres
aqui no tempo com vestes de seda, enquanto
lá fora O abandonas ao frio e à nudez» (Hom.
in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
4. Não esqueçamos que, para os discípulos
de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma
vocação a seguir Jesus pobre. É um caminhar
atrás d’Ele e com Ele: um caminho que conduz
à bem-aventurança do Reino dos céus (cf. Mt
5, 3; Lc 6, 20). Pobreza signifi ca um coração
humilde, que sabe acolher a sua condição
de criatura limitada e pecadora, vencendo
a tentação de onipotência que cria em nós a
ilusão de ser imortal. A pobreza é uma atitude
do coração que impede de conceber como
objetivo de vida e condição para a felicidade o
dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza
que cria as condições para assumir livremente
as responsabilidades pessoais e sociais, não
obstante as próprias limitações, confiando
na proximidade de Deus e vivendo apoiados
pela sua graça. Assim entendida, a pobreza é
o metro que permite avaliar o uso correto dos
bens materiais e também viver de modo não
egoísta nem possessivo os laços e os afetos (cf.
Catecismo da Igreja Católica, n. 2545).
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