SACRAMENTOS DE CURA: RECONCILIAÇÃO (Absolvição)
ABSOLVIÇÃO
Absolvição: Palavra de origem latina – absolvere – que significa perdoar, libertar. Na celebração litúrgica, a absolvição é o rito celebrativo pelo qual Deus perdoa o pecador que manifesta sua conversão ao ministro da Igreja (Bispo ou padre) na Confissão sacramental. Na fórmula ritual da absolvição manifesta-se que a origem do perdão encontra-se na misericórdia divina, graças a redenção de Jesus Cristo, por obra do Espírito Santo.
Existe um outro rito que também é denominado de “absolvição”. Este encontra-se no final do rito penitencial da Missa e inicia-se com as palavras “Deus todo-poderoso, tenha compaixão de nós...” Não é um gesto sacramental de perdão dos pecados, como acontece na celebração do Sacramento da Penitência, mas uma invocação do perdão divino para que todos que celebram aquela Eucaristia, padre inclusive sejam purificados e dignos desta celebração. O texto ritual da Missa é muito claro:
“Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna”. O texto fala de nós; não invoca o perdão para um “vós”. Por isso, o gesto sacerdotal, neste momento, não é de imposição de mãos, como se vê em algumas celebrações, mas de mãos juntas, com uma inclinação diante de Deus para que todos, padre incluso, possam celebrar dignamente os mistérios divinos, na Eucaristia.
No Rito da Celebração da Penitência a absolvição do sacerdote (cf. CP 46) segue-se à oração do penitente. Os dois momentos estão profundamente unidos. Na oração a Deus o penitente exprime a contrição e pede misericórdia. A resposta a tal súplica do penitente chega imediatamente da parte de Deus através do ministério do sacerdote.
A atmosfera intensifica-se. O sacerdote estende as mãos sobre a cabeça do penitente e inicia a pronunciar as palavras da absolvição. Este gesto deve ser realizado com a mesma atenção e intensidade de qualquer outro gesto idêntico presente em qualquer outra acção litúrgica. O penitente deve perceber bem, através da mudança de posição do corpo e da atitude gestual do sacerdote, que se está para realizar um acto sacramental solene. As mãos indicam agora que toda a misericórdia de Deus – invisível mas imensamente potente e presente – está para ser oferecida ao penitente contrito.
As palavras pronunciadas pelo sacerdote no momento da absolvição merecem uma renovada e precisa atenção. Mesmo se breve, aquelas palavras têm um rico valor teológico e exprimem o significado do sacramento. O Rito da Celebração da Penitência explicita claramente os elementos teológicos essenciais da fórmula (cf. CP 19). Em primeiro lugar deve-se constatar a evidente estrutura trinitária. A reconciliação, oferecida neste sacramento, vem de Deus, chamado “Pai de misericórdia”, exprimindo aquilo que Deus já realizou: “Deus, Pai de misericórdia, que […] reconciliou o mundo consigo”. Tal reconciliação é realizada “pela morte e ressurreição de seu Filho”, que a fórmula coloca em relação imediata com a efusão do “Espírito Santo para remissão dos pecados”. Nesta primeira parte da fórmula encontra-se a anamnese litúrgica: é recordada, proclamada e anunciada a morte e ressurreição de Jesus. Esta anamnese é expressa em termos trinitários e com uma linguagem que indica imediatamente a importância deste acto solene de Deus que agora se cumpre em favor do penitente. Deus reconciliou consigo o mundo e efundiu sobre nós o Espírito Santo para remissão dos pecados.
A fórmula continua, pois, no tempo presente, e o sacerdote dirige-se directamente ao penitente. Esta passagem do passado ao presente, indica que o grande acontecimento operado por Deus no mistério pascal se derrama, com todos os seus frutos, sobre o penitente, aqui e agora, por meio das palavras do sacerdote. Ao mesmo tempo, a fórmula explicita, que quanto Deus está a realizar possui uma forte dimensão eclesial “pelo facto da reconciliação com Deus ser pedida e dada através do ministério da Igreja” (CP 19).
Dirigindo-se ao penitente o sacerdote diz fundamentalmente: que Deus “te conceda […] o perdão e a paz”. É uma linguagem que se caracteriza como invocação ou bênção; o verbo é um conjuntivo com valor imprecativo (tribuat), característico de muitas invocações e bênçãos da Igreja, indicando desejo, esperança, e que são sempre eficazes. Depois o estilo de linguagem muda e o sacerdote continua pronunciando aquilo que o Ritual chama de “palavras essenciais” (CP 19): Dirigindo-se directamente ao penitente, e fazendo o sinal da cruz, diz: “E eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Com as palavras: “Eu te absolvo”, o sacerdote manifesta claramente que age in persona Christi.
Através dos gestos e das palavras do sacerdote, e em virtude do poder conferido por Cristo à sua Igreja de perdoar os pecados (cf. Jo 20, 23), o pecador é restituido à inocência original do Baptismo. Deste modo o penitente vê realizado o seu próprio desejo de encontro pessoal e profundo com Cristo, crucificado e pronto a perdoar. O Senhor veio e encontrou aquele pecador, naquele momento chave da sua vida, assinalado pela conversão e pelo perdão. Um tal encontro constitui a verdadeira essência do Jubileu da Misericórdia, um jubileu para os pecadores arrependidos e um jubileu para o próprio Cristo!
Segue a fórmula da absolvição segundo previsto pela Igreja:
"Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo" (Ritual Romano, Rito da Penitência).
fonte: CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS
2015/2 - PARA REDESCOBRIR O “RITO DA PENITÊNCIA”
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